sexta-feira, julho 27, 2007

pedem à palavra


Imagem da mgbon


pedem à palavra
que semeie harmonia
canções
novelos de adubo
em campos fatigados.

pedem à palavra
que socorra
o choro
dos inocentes
nomeie a patente
dos vencedores.
que a palavra
honre
os poetas e as pomposas musas
os políticos e os demagogos
os funcionários e os burocratas
mendigos e feiticeiros.
pedem tanto à palavra.
que a palavra
emigra
foge dos palanques
esgueira-se
pelos canaviais.
deserta.
exausta e presa
na infindável
rede de significados

a palavra apenas pede
que a salves
que lhe dês o teu cheiro
a tua boca
que lhe mates a sede
com a água dos teus olhos.
que a acordes
no mais escuro dos silêncios
na hora mais bravia

pedem à palavra
arremedos
milagres
truques de magia
versos para a fanfarra e para os noivos
rimas de finalistas.

e a palavra
sente
que só encontra significado
lida em ti.
escrita no teu corpo.
palavra que te chama
quando te ausentas.
palavra que te grita
quando o sono
te vence.
palavra que te beija
acaricia, excita
na clandestina leitura
de todos os dias.

(Poema de
Alberto Serra in noites-de-lua-branca)

17 comentários:

  1. Bem-vindo, Alberto, obrigada por partilhar novamente a sua escrita connosco.
    Prabéns pela escolha, Poesia Portuguesa!

    ResponderEliminar
  2. "As palavras são boas. As palavras são más. As palavras ofendem. As palavras pedem desculpa. As palavras queimam. As palavras acariciam. As palavras são dadas, trocadas, oferecidas, vendidas e inventadas. As palavras estão ausentes. Algumas palavras sugam-nos, não nos largam: são como carraças: vêm nos livros, nos jornais, nos slogans publicitários, nas legendas dos filmes, nas cartas e nos cartazes. As palavras aconselham, sugerem, insinuam, ordenam, impõem, segregam, eliminam. São melífluas ou azedas. O mundo gira sobre palavras lubrificadas com óleo de paciência. Os cérebros estão cheios de palavras que vivem em boa paz com as suas contrárias e inimigas. Por isso as pessoas fazem o contrário do que pensam, julgando pensar o que fazem. Há muitas palavras."

    José Saramago
    Deste Mundo e do Outro



    Finalmente vim descobrir os teus blogues Menina. São de uma qualidade e sensibilidade rara nestes tempo agressivos que correm. Pela indicação que tenho faltam outros que vou ainda descobrir

    Poeta

    ResponderEliminar
  3. Uma inflorescência de palavras e de brilhos abrindo o entardecer como pétalas de uma flor magnífica.
    Nada, pois, além das tuas palavras sábias e do momento.


    Parabéns!

    Abraço, Alberto!

    Beijo, Poesia Portuguesa, e obrigado pela possibilidade da partilha!

    ResponderEliminar
  4. Encontrei este espaço ao acaso e confesso que adorei. Optima poesia e parabens.

    ResponderEliminar
  5. Mais uma bela partilha, que nos transmite aquilo que a palavra nos pode oferecer.

    Beijão do aaron

    ResponderEliminar
  6. A palavra tem força. Realiza, euforiza, deprime, excita, sacia...
    Lindo poema!
    Boa semana! Fique com Deus!
    Bjs

    ResponderEliminar
  7. Se a Poesia Portuguesa esteve e está de Parabéns, hoje, neste dia especial de Aniversário, felicito-te, MM, pelo tanto que dás a todos.
    Parabéns, minha amiga, e que o teu percurso seja pleno de Luz.
    Um bjinho grande

    ResponderEliminar
  8. Parabêns a Você,
    nesta data querida...muitas felicidades,
    muitos anos de vida !!!

    Beijão para a amiga Marota ;-)
    Um dia cheio de coisas boas***

    ps-hoje tb tenho festa...a minha cunhada tb faz anos...

    ResponderEliminar
  9. Poesia

    hoje fiquei colada ao poema

    saciei a sede com palavras

    sentia em mim, onde as certezas são a melodia da palavra


    obrigada por tanto nos dares a conhecer

    um abraço grande a ti menina da poesia, parabéns ao Alberto Sousa

    beijinhos, a minha ternura e carinho

    lena

    ResponderEliminar
  10. Às vezes aqui venho e fico extasiado. Esta, é uma delas!...

    Querem ver algo de diferente?

    Não percam o meu blogue pois há lá fruta da época!

    Boas férias a todos/as.

    ResponderEliminar
  11. Rouxinol de Bernardim,

    Ainda estou a sorrir, depois da visita que acabo de fazer ao teu blogue.

    Parabéns, aqui, pois lá não te os posso dar!

    Abraço.

    ResponderEliminar
  12. Amei este poema, pode me enviar, por gentileza? Eu sou Julia do Brasil.

    ResponderEliminar
  13. De vez em quando venho fazer-lhe uma visita e dou-lhe os parabens por colocar aqui poemas tão bons.
    um abraço

    ResponderEliminar
  14. Gosto particularmente deste poema!
    Bjs
    TD

    ResponderEliminar
  15. Gostei demais do seu blog,admiro demais a poesia portuguesa,e o seu está bem diversificado!
    Uma beleza continue sempre,estarei lhe visitando sempre!
    Um favor;
    Adorei a música do seu blog , eu não tenho no meu e não sei como se faz vc não me ajudaria acolocar uma?
    Endereço do meu;
    http://spleenbored-minhaspoesiasfavoritas.blogspot.com/
    Aguardo sua dica de como proceder.
    Obrigado e tudo de bom

    Maria Madalena

    ResponderEliminar
  16. A poesia do Alberto Serra é a sensualidade nas palavras, este poema não é excepção. Como muitos dos seus peomas são dignos de serem lidos por todos aqueles que procuram qualidade.

    ResponderEliminar

Caros visitantes e comentadores:

Obrigada pela visita... é importante para cada um dos autores da poesia constante deste blogue que possas levar um pouco deles e deixar um pouco de ti… e nada melhor que as tuas palavras para que eles possam reflectir no significado que as suas palavras deixaram em ti.

E porque esta é uma página que se pretende que seja de Ti para TODOS e vice-versa, não serão permitidos comentários insidiosos ou pouco respeitadores daquilo que aqui se escreve.

Cada um tem direito ao respeito e à dignidade que as suas palavras merecem. Goste-se ou não se goste, o autor tem direito ao respeito da partilha que oferece.

Todos os comentários usurpadores da dignidade dos seus autores são de imediato apagados.

Não são permitidos comentários anónimos.
Cumprimentos,