terça-feira, outubro 14, 2008

60 em sol e azul-mar



Pintura de Jia Lu



Breve, tão breve
Este vasculhar do corpo da palavra

Breve, tão leve
No casulo, o nefelibata se fez criança
Na fusão das flores, luar e da água
Pelo avassalador ostracismo das raízes em rosácea
Qual silhueta amena e cândida

Breve, tão ténue
O conselheiro exponente da morte, da loucura, do lodo
Tecia, degrau a degrau, um inferno de sombra
Com pena de chocolate
Com o erodido e variável método do sobressalto
Pela vulnerabilidade da obstrução
Em forma de tapeçaria sobre a caixa de cal e vida
Em contínuo movimento

Breve, tão breve
Pensa-se afastar o vapor envolvente
Da conversa em tempestade
Sobre o distanciamento amortecido num país sem farol
A inundar de orvalho em linha vertical

Mas o poeta, apoiado no cotovelo,
Desponta a manhã
Num intenso, imenso divagar
Fazendo emergir da viagem
Pelo céu das letras amenas
Um amor maior a comungar

Breve, tão leve
Renasce a palavra de sol e azul-mar
Num sorriso com licença para voar

Poema de Fátima Fernandes (Amita)


15 comentários:

  1. é sempre bom encontrar quem divulga a poesia...Pelo facto, parabéns!

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  2. Erudição com qualidade.
    Boa escolha.
    Obrigado.

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  3. Sublimes, dançam as palavras amadas neste teu espaço incansável
    de divulgação de tantos e tão bons poetas da nossa terra.
    Obrigado por me incluíres entre eles.
    O carinho de um abraço e uma flor

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  4. O corpo e a palavra. O azul-mar. O sorriso. Mesmo que breve. Um beijo à autora. Outro para si, MM.

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  5. Lindo...beijos para ti e para a Amita!!!!!!!!!

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  6. Já tinha deixado as minhas palavras à Amita. Acho excelente este poema. Não foi nada fácil escrever o meu...muitos beijos a ambas.

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  7. Breve, sem que se dê conta ou se espere por isso, do poema surge o sorriso.
    Belos versos!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. as palavras dos poetas que tanto constroem

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  10. Bela postagem, gostei imenso.
    Deixo-te um abraço amigo
    Bjs

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  11. O poema de autoria própria?
    Fazes bem em divulgar, e se o for a tua poesia , ta muito elaborado ,mesmo bem conseguido , continua. =)

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  12. [...]Breve, tão leve
    No casulo, o nefelibata se fez criança
    Na fusão das flores, luar e da água
    Pelo avassalador ostracismo das raízes em rosácea
    Qual silhueta amena e cândida[...]



    Dos poemas mais bonitos que li no blog EREMITÉRIO http://eremiterioblogspot.blogspot.com/

    Vasco Simões

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  13. gostei deste poema. obrigada por me terem enviado o contacto.
    voltarei... seguramente!
    abraço
    luísa

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