domingo, julho 05, 2009

O berço vazio


A Persistência da Memória, de Salvador Dali


Ao perto essa parede sempre branca
Caiada por um trapo de peneira
Cuidava dessa cal como quem canta
A retratar famílias, à lareira.

Nesse cuidado branco de quem espanta
Eu me revi e aos meus na erma eira.
Em outra aberta o ritual que encanta
O dar as mãos assim, junto à fogueira.

E foi então que descobri a tela
Um prego forte, um cravo por trás dela
Mãe vestida de negro, o olhar frio.

As mãos pousadas no regaço e um terço
Ajoelhada, com o olhar disperso
E ao lado um berço, esperança, mas vazio.

Soneto de
José M. Barbosa

Breve nota:

Oportunamente comuniquei
aqui a criação do Club de Poetas Vivos, um espaço que tinha a finalidade de juntar Poesia e Poetas e que conta, neste momento, com mais de 500 associados.

Contudo, problemas técnicos levaram-me a tomar a decisão de abandonar o CPV e o próprio Facebook.

Não foi fácil tomar esta decisão, diria até bastante penosa, mas ela foi tomada e aqui é assumida.

Grata a todos os que me deram a honra e privilégio de percorrer este caminho, que foi, contudo, bastante aliciante e me deu a coragem de levar esta ideia através do
Roteiro Poético, pelo que estão convidados a uma “viagem” por aquele espaço.

Obrigada.

27 comentários:

  1. Poema. imagem. música
    Perfeita triologia!
    Joana Albuquerque

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  2. encantada.



    pela "oração".



    o meu abraço ao Z.

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  3. Obrigada por me teres dado também a conhecer este espaço magnífico.

    O soneto é belo. Aliás, tudo o que já vi por aqui partilha dessa beleza.

    Um beijo meu

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  4. Agradeço-lhe por mostrar-me, coisas tão lindas, obrigada

    abraços...

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  5. Estarei onde estiver irei onde for.
    Apagou-se a estrela que mais brilhava no facebook.
    Não devia de ceder muito menos deixar-se abater por chantagens de quem a não queira lá e o que lhe possam fazer ou dizer. O mundo é uma selva temos que ter forças para lutar.
    A Menina é uma força da natureza não percebe isso? Porque se deixa abater então por quem se calhar nem produz nada e sente-se incomodado ou incomodada com a sua força?
    Saí de ambos e como disse vou para onde estiver.

    Abraço do
    Luis

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  6. Do poema, destaco

    "E foi então que descobri a tela
    Um prego forte, um cravo por trás dela
    Mãe vestida de negro, o olhar frio."

    ... tantas e tantas vezes assim é!
    a descoberta do nosso "EU", na tela branca (computador, por ex.) é, ou pode ser "consequência" de uma dor, de uma perda (física ou outra)... e ali se manifesta.

    Excelente escolha, Menina.

    Agora uma nota: Desde há vários anos a leio, a "conheço". Da Poesia Portuguesa e dos seus espaços e, desde semore tive e tenho, pelo seu trabalho, o maior respeito e apreço. Poderia ir mais longe e dizer-lhe que por aqui e por ali já nos cruzámos.

    Por princípio nunca aderi a nenhum "Facebook" ou similar... manias de bonecasdetrapos.

    Asseguro-lhe, contudo que, esteja a Menina onde estiver (note, não tem a ver com o facto de ter publicado a "Boneca", rigorosamente!!!), seguirei sempre o seu trabalho que muito honra a cultura portuguesa.

    Saudações com estima
    *__bonecadetrapos__*

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  7. Descobri este cantinho cheio de poesia e estou adorando.
    jinhos
    Paulo

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  8. até que enfim que a descobri!!! estranhei a sua ausência no FB, e estou feliz por descobrir este cantinho tão bonito! Lindo! Parabéns!
    lourdes ximenes

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  9. Otilia,

    Ontem procurei-te no FB . Hoje comecei a achar estranha a tua ausência. Não sei o que se terá passado, mas tu não és mulher para vrar as costas às dificuldades. Amanhã telefonar-te-ei

    beijinho

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  10. Óla :-)
    Adorei a ideia deste blog, muito interessante para ir explorando e ir conhecendo tantos outros que também escrevem como eu, os meus parabéns!

    PS - Eu também vejo o pôr do sol da minha cozinha, cai sobre o Cristo Rei... como uma bola de fogo que ele tenta agarrar de braços abertos, é lindo.

    Beijos*

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  11. Muito bonito este soneto.
    A poesia de mãos dadas com a pintura.

    Gostei muito deste espaço, pelo que voltarei mais vezes.


    L.B.

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  12. Olá Otília, um aplauso pela escolha
    do poema e imagem.
    Bem elaborado este soneto. Já o conhecia, mas é sempre um prazer, reler.Parabéns ao autor e para ti aquele beijo amigo acompanhdo por um bem haja por o divulgares na poesia portuguesa.

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  13. É de uma nobreza notável esta tua disponibilidade por nos ires dando a conhecer ao longo dos anos, tantos poetas, e tantos poemas, com tão grande valor.
    Obrigado pela partliha.
    Bjs.

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  14. Lindo o seu poema. Adrei conhecer o seu blog. Virei sempre.

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  15. Olá poeta; venho te acompanhando e admirando seus escritos. Parabéns.

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  16. Olá
    Quanto ao FB, a falta de tempo não me permitiu apreciar devidamente tudo o que se publicava, mas era sempre com prazer que acedia à página. Pena que tenhas saído...
    Voltarei a estar aqui, sempre presente.

    Um beijo

    Ana

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  17. Sou brasileiro, poeta e cronista e criei um blog para divulgar meus trabalhos. Se puder, dê uma passada por lá! Seguem aí dois poemas. Abraços!

    NÁUFRAGO (VICTOR COLONNA)


    Embarco numa rima ruminante
    E parto numa estrofe estropiada
    Eu paro, penso, pausa...e num rompante
    Encontro um verso que não leva a nada.

    Eu vejo a poesia tão distante
    Me afogo na superfície da palavra
    Eu sumo num soneto dissonante
    Sufoco numa sílaba que trava.

    Perdido numa quadra sem quadrante
    Sou menos que figura, figurante
    Pseudo-comandante, e vivo em dilema

    Espero que a onda não me traia
    E nado em desespero até a praia
    Salvo o poeta mas naufrago no poema.


    SUJEITO OCULTO (VICTOR COLONNA)


    O problema são as conjunções desconjuntadas
    As interjeições rejeitadas
    Os adjetivos desajeitados
    Os substantivos sem substância
    As relações de deselegância entre as palavras.

    É preciso superar o superlativo:
    O absoluto sintético
    E o analítico.
    Achar o verso
    Entre o verbo epilético
    E o pronome sifilítico.

    Falta definir o artigo inoxidável
    O numeral incontável, impagável.

    Resta procurar o objeto direto
    Situar o particípio passado
    E o pretérito mais-que-perfeito

    Desvendar a rima
    Desnudar a palavra
    Encontrar o predicado
    E revelar o sujeito.

    ResponderEliminar
  18. Sou brasileiro, poeta e cronista e criei um blog para divulgar meus trabalhos. Se puder, dê uma passada por lá! Seguem aí dois poemas. Abraços!

    NÁUFRAGO (VICTOR COLONNA)


    Embarco numa rima ruminante
    E parto numa estrofe estropiada
    Eu paro, penso, pausa...e num rompante
    Encontro um verso que não leva a nada.

    Eu vejo a poesia tão distante
    Me afogo na superfície da palavra
    Eu sumo num soneto dissonante
    Sufoco numa sílaba que trava.

    Perdido numa quadra sem quadrante
    Sou menos que figura, figurante
    Pseudo-comandante, e vivo em dilema

    Espero que a onda não me traia
    E nado em desespero até a praia
    Salvo o poeta mas naufrago no poema.


    SUJEITO OCULTO (VICTOR COLONNA)


    O problema são as conjunções desconjuntadas
    As interjeições rejeitadas
    Os adjetivos desajeitados
    Os substantivos sem substância
    As relações de deselegância entre as palavras.

    É preciso superar o superlativo:
    O absoluto sintético
    E o analítico.
    Achar o verso
    Entre o verbo epilético
    E o pronome sifilítico.

    Falta definir o artigo inoxidável
    O numeral incontável, impagável.

    Resta procurar o objeto direto
    Situar o particípio passado
    E o pretérito mais-que-perfeito

    Desvendar a rima
    Desnudar a palavra
    Encontrar o predicado
    E revelar o sujeito.

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  19. Agradecendo a presença de todos e pedindo desculpa pela ausência e falta de actualização deste e dos outros blogues, mas o facto é que tenho o meu pc avariado e encontro-me num portátil de familiar.

    Deixo um abraço super saudoso e espero que a ausência não se prolongue por um tempo muito demorado.

    Otília Martel

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  20. Bom dia Poesia Portuguesa.

    Deixo como sugestão o endereço www.bubok.pt. Aqui pode encontrar a primeira editora online para auto-publicação neste nosso país à beira mar plantado. Esta é uma forma de democratizar a edição de livros em que, à semelhança do YouTube em relação aos vídeos e do MySpace em relação à música, é o autor quem tem o controlo sobre tudo.

    Na Bubok são as suas ideias que ganham liberdade.

    O processo de publicação é muito simples e rápido, deixando-lhe com o controlo total do seu livro. São 5 passos a seguir, do upload do ficheiro com a sua obra, à escolha do preço da obra. Através do sistema Print On Demand, não há tiragens mínimas obrigatórias. A impressão do livro é feita por encomenda, evitando os excedentes poeirentos e poluentes.
    Romances, fotografias, receitas de culinária, monografias, diários de viagem, conselhos, etc, tudo pode ser publicado na Bubok.

    Depois de publicar, é o autor quem promove o seu livro: na livraria da Bubok; através de sms´s, comments, fives, vídeos, fotos. Vale tudo, só depende de si!

    Se gostou da Bubok.Pt e pretende ajudar-nos a divulgar este projecto a todos os autores que queiram publicar os seus conteúdos, pedimos-lhe que inclua um link para o nosso blog na sua lista de links: http://www.bubok.pt/blog/

    Qualquer dúvida que surgir, não hesite em contactar-me: marta.furtado@bubok.com

    Vá a www.bubok.pt, conheça o projecto e comece a publicar.

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  21. Poesia assim, recomenda-se! Gostei.

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  22. 10 anos raquel arêde martins são miguel19 outubro, 2010 19:54

    aqui vai um poema que eu escrevi, claroque não se comparam com eses:

    de quem são os olhos misteriosos que parecem hipnotisar quem tiver a sorte de os olhar?
    pois claro, são do gato
    curioso e astuto pois nisso é um ás,
    só que para nadar...
    já não é capaz,
    está claro e provado
    que o seu ronronar terno e morno só podia dar
    um lugar no colinho do dono
    E nas noites de Inverno
    quele quentinho junto á lareira
    fá-lo logo adormecer
    no seu cestinho de madeira.


    está giro?

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  23. sou cego,
    vivo no mundo da escuridão
    não sei quem es
    mas sei que tens bom coração
    não me deixes agora,
    sou cego,
    mas sei que contigo estou a falar,
    e olha que tenho boa memória,
    mas agora vou contar-te tudo o que sei, a minha história.
    Vivo numa casa fria e escura
    não tenho ninguém.
    viajo por aí,
    viajo por ai além
    sem rumo,por isso não vejo nada,
    vejo tudo.
    Agora que já te contei
    a minha história
    conta-me tu a tua.
    Dis-me o que viste
    e eu dirte-ei
    o que eu vi.
    Vi tristeza, e alegria
    e tu?


    Fui eu que escrevi, fixe ã????
    O que acharam?
    O vosso está muuuuuiiiitttoooo fixe.

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