segunda-feira, junho 22, 2015

DO TEMPO BRUTO




Pouco se fala deste tempo bruto, 
falho de rituais, celebrações. 
Temível a escassez de dias novos, 
com gente a contemplar as áureas proporções,
de joelhos no saibro, 
atenta ao eco das esferas, 
comovida, silenciosa, longe, já muito longe
da multidão avara e ululante.

É este o tempo da corrida,
do mais lesto,
da luta, do mais forte,
do corpo, o mais violado.

Quem sabe, cala, que veloz é a luz,
e nada resta de quem com ela competir.
Forte é a gravidade que nos cola, 
sem apelo, a todos os fantasmas.
Do corpo, ah, do corpo só sabemos
que nasce e vai morrendo,
indiferente ao abuso e ao incenso.

É preciso falarmos do que importa.
Da concha do caramujo, da espiral dos dias.


Poema e imagem Licínia Quitério 

5 comentários:

  1. Pois, amiga...
    E o tempo que nos dão, continua bruto...

    Beijinho para si!

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  2. É sempre um gosto enorme reler a Licínia. Obrigada pela partilha.
    Um beijo, amiga.

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  3. Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens
    é um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
    Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
    Ficarei radiante,mas se desejar seguir, saiba que sempre retribuo seguido
    também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
    Sou António Batalha.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Pois... a poesia corre-te nas veias... intensamente!...
    Muito lindo Otília!

    Beijos,
    AL

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