Erica Dal Maso |
Desenhas-te a menina dos olhos cor de mar.
Era assim que se chamava a tela
Talvez fosse mais correcto a menina dos cabelos de mar
Mas os cabelos não se querem azuis (ou verdes) e os olhos
podem ser
apenas um erro de genética.
A menina brinca com os olhos no VER, azul sem ser azul,
apenas mar
e pinta cores, dança em palcos – vazios de VER e sentires,
mas onde o sorriso ainda se dilata para além do mar.
E, nós mudamos.
Os caminhos entreolharam-se espantados sem saber os rumos,
e as rotas ficaram aquém no mapa dos sentidos
desatentos.
A poesia é uma ilha pensava ela,
e ela nunca sente sequer nostalgia,
apenas um espanto intraduzível em palavras.
Afinal
a paleta tem todas as cores, tem todos os azuis, tem todos
os matizes,
mas,
está arrumada sem culpas, no fundo dum esboço que tu
esqueceste,
esboço apenas, mais nada relevante,
nem a poesia do teu desenho em que figurava a menina dos
olhos cor de mar.
Ou tão somente EU
2013-08-19