quinta-feira, setembro 28, 2006

Embriaguez


Imagem de Daniel Costa-Lourenço


O vento espalha pétalas de lua sobre a calma da noite
Abrindo as nuvens de medos sussurrantes,
Revelando um céu quase virgem de olhares
Como se fosse a única vez que te tocasse
E a última,
De tal forma fulgurante
Que acendemos fogos sobre a água escura do rio
Com restos de entardecer,
Crepitando assustadoramente os nossos nomes,
O vernáculo que soltas quando nos temos,
Os nomes das coisas que inventamos, e fazemos
Sobre o suor das risos ao crepúsculo,
Dos suspiros que se confundem com o rumor da manhã,
Sem rumo, sem norte, sem bússola,
Perdidos,
Num recanto qualquer com vista para o Tejo,
Vagueando, algures na nossa embriaguez,
Devorando-nos em surdina,
Reclinados sobre um precipício que não acaba.

É tudo o que temos,
Quando nos temos…

(Poema de db in mar.da.Palha)

12 comentários:

  1. Um erotismo terno atravessa todo o poema e mesmo a imagem. Bonito.
    Bjs
    TD

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  2. Um poema muito intimista e com a dose certa de erotismo.
    Beijão pra vc

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  3. Um belíssimo poema.
    Vou ao mar da palha para ver mais.
    Um beijo.

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  4. Sentimentos arrebatadores são sempre vividos como se fosse a última vez...as palavras que os descrevem como estas de Daniel soam como acordes...
    Estive a ver o blogue, gostei porque gosto de palavras simples,gostei porque é assim que eu gosto da poesia, sem grandes malabarismos, pura.

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  5. 'É TUDO O QUE TEMOS
    QUANDO NOS TEMOS'.
    A embriaguês é um estado de euforia em que se tem tudo, sem se ter nada. Funciona como um escape para alívio de tensões, para esquecer desaires amorosos, infortúnios e muito mais coisas.
    Evidente que esta embriaguez é outra, é a embriaguez da doçura, da ternura, do querer sempre mais. No entanto não deixa de ser embriaguez e tanto uma como outra quando a nuvem se dissipa acordamos para a realidade.
    Fica bem.
    Manuel

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  6. Gostei muito.
    Precipícios que não acabam, são, por vezes, vidas inteiras. Acaba a vida e acaba o precipício?!Lugar ao Mistério.

    Beijinhos

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  7. Já há um tempo que não dava aqui um pulinho...este poema agradou-me...as crónicas do nevoeiro de embriaguez e a paixão mergulhada em etanol...talvez para melhor conservá-la nos sentidos...

    www.samantarmohi.blogspot.com
    www.geracao-update.blogspot.com

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  8. Muito belo este poema. Parabéns.

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  9. Encontros furtuitos, certamente!
    Já aqui não passava há uns tempos.
    Vou retomar o hábito.
    Abraço

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  10. Curios: passei por aqui e descobri que seu post "embriaguez" tem tudo haver com o meu desta semana la no meu blog.

    "sem bússola,"
    um sentimento nunca usa bussula, ou mapa ou qualquer direção. Um sentimento simplismente vai...e não decora o caminho de volta.

    abs!

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  11. Viver por viver é cobardia
    devemos enfrentar os perigos
    e desviarmo-nos dos maus caminhos
    tiunfará assim a coragem e ousadia.

    antaubarsilva@mail.pt

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  12. E não é pouco quando damos e recebemos em... volúpia, em ternura, em entrega partilhada e consentida... sóbrios ou toldados tanto faz! Abraço.

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