Vê-se o castelo, vou poetando trivialidades
no caderno, à minha frente uma rapariga estuda o Livro
do Desassossego,
eu estou sossegado e estudo a rapariga,
não realmente bonita mas
de íris inquisidoras e surpreendente
decerto entre quatro paredes.
Se eu fosse algum dia poeta
seria uma obrigação curricular para os vindouros,
versos a acompanhar cigarros e namoros,
o livro com manchas de café, uma rapariga (filha desta?)
a ler o que eu hoje escrevi no Chiado
e alguém noutra mesa a fazer
um poema acerca disso.
Pedro Mexia
in, “Eliot e Outras Observações”
a pág. 15- Gótica Editores - 2003
Fotografia: Vista aérea de Lisboa, retirada da net