quinta-feira, outubro 25, 2007

Campo… de Mar

Há palavras que são momentos… e momentos que não precisam de palavras.
O meu agradecimento à
Cris por este momento que deixou nos comentários e que peço licença para aqui transcrever…


Olhar o mar como se olha para o céu como se olha para o campo...
As estrelas estão lindas, brilhantes, num firmamento trigal.
Os peixes são agora papoilas e as ondas mil flores silvestres, ondulando sob nuvens, vagas de espuma em flor!
E as algas entrelaçam-se, trepadeiras, namorando os astros, quais frutos em árvores frondosas.
O coral é já sol-posto, repousado em rochedos, horizontes sobre oceanos, prados a perder de vista...
Já se adivinha o encanto...

A maré-cheia corre, estende seus braços de água e, transformada em ribeira, ladeia, cantarolando, o imenso areal dourado, qual eira, enchendo-a duma frescura tão marinha, tão campestre!
Brotam os búzios viçosos e as conchas são borboletas, com asas de madrepérola...
E cantam, com voz de aroma de marés vivas, sobre campos azuis, prontos para serem ceifados.
Dormem os pescadores...descansa a faina...sonham que são lavradores...

Veste-se a praia de verde e pede à noite que se junte à fantasia; que lhe traga o vento para com ela bailar ao som da melodia das dunas tão moçoilas, lindas ceifeiras!
Lá longe a montanha sorri e a festa vai durar, estender-se pela madrugada até que o dia os avise que é tempo de recolher porque a noite quer ir deitar-se e o sol-posto vai ser de novo coral.

Descansa o encanto nos braços do dia mas promete voltar!
Trará com ele a noite e será outra vez festa, num campo verde, no mar!
E vai fazer os pescadores dormir de novo, repousando da faina sonhando que são lavradores.
E a praia vai tornar a vestir-se de verde, vai bailar, descalça, com a brisa pelos ombros...
Mas desta vez, num mar que se tornou campo, olhada pelas dunas ceifeiras, nos braços ternos do vento.

Cris in Campo… de Mar

sexta-feira, outubro 19, 2007

O mar tão perto...


São estes os caminhos que percorro diariamente, que fortalecem a minha alma e acalmam o meu espírito.


O mar estava perto,
Fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves,
só alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto
puríssimo, doirado.

(Poema de Eugénio de Andrade)



É deste mar que retiro toda a essência que percorre as minhas veias e nele procuro a nascente onde vou beber a minha sede.

(fotos minhas...)