quarta-feira, janeiro 13, 2010

Janeiro

Pintura de Carlo Carrà


Não chove nem faz sol na minha rua.
É a hora triste. Aquela hora morta
em que uma sombra nos espreita a porta
e pelas frinchas gastas se insinua.

Monótona e distante quer a lua
reflorir ao luar, na minha horta,
aquela cerejeira velha e torta
que há muitos anos amanhece nua.

Um cão sujo, faminto, vagabundo,
com ar de quem já sabe o que é o mundo,
para ali se ficou lambendo uns pratos…

Passa gente embrulhada em roupas velhas…
E sobre as casas, através das telhas,
A sinfonia bárbara dos gatos.


Fernanda de Castro in, Cidade em Flor
pág. 27/28 (1924)

14 comentários:

  1. Era-me desconhecido por completo este site.Uma descoberta super fantástica.Parabelizo o autor ou autora do mesmo.

    Cumprimentos do
    Eduardo Gonçalves

    ResponderEliminar
  2. Cada vez gosto mais de poesia..logo eu que não lhe ligava nenhuma!

    Dona Vicencia

    ResponderEliminar
  3. Continua um sítio bom e agradável.
    Bom Ano.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  4. Bom dia e Parabens
    Gostei muito das belissimas escolhas que fazes.
    É importante alguem "tratar" dos textos poéticos como tu tratas.
    Vou passar a vir aqui com frequencia.
    Beijinhos ternos
    Ricardo

    ResponderEliminar
  5. Bom dia, OT

    Há que tempos
    que aqui não deixo
    qualquer pegada
    da minha passagem

    Sinto-me no limbo
    da vida que me calhou
    talvez que doravante
    apareça mais, digo eu

    Um beijinho pela doçura da tua presença e da poesia que nos recordas e com a qual vamos embalando a nossa vida...

    António

    ResponderEliminar
  6. Posso levar este poema para o meu blogue? Não o conhecia e gosto muito de ler Fernanda de Castro.
    Kisss da
    Claudia

    ResponderEliminar
  7. Escrevi este poema, se autora do blogue ler gostaria que me dissese o que acha.


    Lua

    Viver amargurado e só,
    Torna-se cada vez mais um hábito.
    Quem sabe um vicio.
    Serei eu que fujo,
    De ti e da vida?
    Eu apenas me deixo levar para um mundo,
    Isolado, negro e triste,
    Onde muitas luas ouviram a minha história,
    E sentiram dentro delas,
    A necessidade de fugir de tudo,
    Pois tal transtorno perturba-as.
    Talvez por isso não te queira a meu lado,
    Para não entrares neste meu mundo
    E conheceres um lado negro e sofrido,
    Que eu tanto amo.

    ResponderEliminar
  8. Um poema que não conhecia e do qual gostei.
    Aproximou-me às minhas origens, fez-me feliz!
    Obrigado pela partilha

    ResponderEliminar
  9. Como eu sinto este poema tão cheio de ternura, de sarcasmo, de vida!!!

    ResponderEliminar
  10. canto que dignufica a poesia. Obrigado em nome da poesia.

    ResponderEliminar
  11. Reencontrar cantinhos como este, é uma satisfação enorme para que gosta de ler e escrever poesia...

    Felicidades.

    Bjnhs

    ZezinhoMota

    ResponderEliminar
  12. vou seguir o blog :D

    ResponderEliminar
  13. eu gostei desse´poema porque lembra a minha cidade,onde morava.

    ResponderEliminar

Caros visitantes e comentadores:

Obrigada pela visita... é importante para cada um dos autores da poesia constante deste blogue que possas levar um pouco deles e deixar um pouco de ti… e nada melhor que as tuas palavras para que eles possam reflectir no significado que as suas palavras deixaram em ti.

E porque esta é uma página que se pretende que seja de Ti para TODOS e vice-versa, não serão permitidos comentários insidiosos ou pouco respeitadores daquilo que aqui se escreve.

Cada um tem direito ao respeito e à dignidade que as suas palavras merecem. Goste-se ou não se goste, o autor tem direito ao respeito da partilha que oferece.

Todos os comentários usurpadores da dignidade dos seus autores são de imediato apagados.

Não são permitidos comentários anónimos.
Cumprimentos,