quarta-feira, setembro 12, 2012

Coletânea de Poesia Portuguesa

Para os aficionados das novas tecnologias está disponível em formato digital o I volume da Coletânea de Poesia Portuguesa.
Este livro só pode ser visualizado com iBooks 2.0, num iPad com a função do iOS 5.0 e é seu autor Luís Gaspar num trabalho conjunto de Deana Barroqueiro e do editor André Gaspar.



E PEDE-ME AGORA O QUE NÃO DEVIA


Reparastes, donas, que no outro dia

O meu namorado comigo falou

Como se queixava? Tanto se queixou

Que lhe dei o cinto, dei-lhe o que podia;

E pede-me agora, o que não devia.


Vistes (antes nunca tal coisa se visse!)

Que à força de muito, muito se queixar,

Fez-me da camisa o cordão tirar;

O cordão lhe dei: no que fiz tolice,

E o que pede agora, antes não pedisse.


Das minhas ofertas, João de Guilhade,

Enquanto as quiser, não o privarei,

Que muitas e boas, já dele alcancei;

Nem lhe negarei, minha lealdade,

Mas…de outras loucuras, tem ele vontade!


Poema de João Garcia de Guilhade, trovador português,

nascido em Milhazes, concelho de Barcelos durante o século XIII.

domingo, setembro 02, 2012

O Instante da Palavra

Imagem Google


No papel vos entrego a palavra
Permito-vos o sentido
E mais
A liberdade do ritmo
da entoação
da voz
do tempo em que a respiras.

A liberdade da invenção para a metáfora.

A partir deste momento desconheço
se a palavra ainda me pertence
Sei que a libertei
para o mar ou para o espaço
Para fora de mim
Para sempre
Para nunca

Talvez que o que é vento
seja agora o meu respirar
O que é mar seja água
Talvez que o que é rio
seja agora vala extensa
onde vos deixo a palavra a correr
Apetecida
Renegada
E de súbito
a palavra foi um instante
Ou talvez não