terça-feira, abril 28, 2015

mediterrâneo


- sem saber, de todo, quanto vale a vida humana, 
qualquer que seja a cor, o credo ou a idade, 
sei melhor a lonjura da Utopia
e vivo na amargura da vergonha.


entre a terra e a terra
fica o mar
e fica a sorte

entre o mar e a terra
fica o norte
e fica a morte dos sem sorte
dos sem terra

entre o norte e a morte
fica a sorte
e à sorte fica a guerra
e os sem terra
no desterro
pelo erro
de viver que a morte encerra  

e há um mar imenso
e o consenso sem conteúdo
e há um grito incontido
um bramido
que não é do mar
mas é de tudo

de tudo o que não vemos
nem sabemos
mas acima de tudo
acontecer
o nem querermos saber
que a cor do mar
é por vezes tão vermelha
quanto valha
por se querer chegar ao norte
e assim morrer.


5 comentários:

  1. Um excelente poema de Jorge Castro a lembrar-nos os milhares de pessoas que a fugirem da morte encontram a mote...
    Um beijo, minha amiga MM

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  2. Jorge Castro, Grande Homem, Grande Poeta.

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  3. Olá. Muito grato pelo destaque. Importa reflectir que o mundo é todo nosso porque nós também o compomos, o integramos.
    «Sou homem e nada do que é humano me é estranho»... e cada grito soltado na imensidão fria do mar por quem procura a sorte que lhe é devida é, se virmos bem, também um grito nosso, dos nossos pais, dos nossos filhos.
    Há muito mar, mas todo ele nos toca.

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  4. Gostei muito do poema e do jogo de palavras com que foi construído...

    Abraço e bom fim de semana

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  5. Boa tarde:
    era possível saber qual o livro a que pertence o poema de Jorge Castro?
    Muito obrigado!

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