Talvez... pela sua sensibilidade e lirismo, direi eu.
Apreciem-no…
Autor desconhecido
Estas palavras vestidas de silêncio que damos um ao outro como pétalas de flores dispersas, dizem tanto daquilo que sabemos, que às vezes julgo escutar os gritos lancinantes que deixamos escapar das feridas por fechar e calamo-nos, com adesivos sobre os lábios, fechando as portas e as janelas para que o vento não empurre os gritos para fora das muralhas dos nossos corpos ávidos.
Depois, contemplamo-nos como se nos víssemos pela primeira vez, e afagamo-nos em mútuas carícias impregnadas de um medo inconfessado que nos percorre as veias do silêncio dissimuladas sobre os nossos corpos.
Ah! Por que não havemos de gritar o necessário desejo de estar vivos?
Quem nos proíbe, Amor, de nos tocarmos numa descoberta mútua e sempre nova de um espaço à nossa volta?
Quem?
Quem nos impede, Amor, aquele abraço, num ímpeto incontido de rasgar o espaço que separa as minhas mãos das tuas mãos?
Quem nos proíbe, Amor, que troquemos de segredos em cada beijo partilhado no silêncio das nossas bocas sequiosas?
Quem?
Quem impede, afinal, esta vontade de nos darmos um ao outro sem medo das ruas e avenidas que nos falam da cidade vigilante a observar-nos os passos e os gestos, a medir a intensidade das palavras que se propagam no eco do silêncio como um grito de angústia?
Outro dia, as minhas mãos sobre as tuas mãos ou o meu cabelo sobre o teu cabelo falaram durante horas a linguagem muda do desejo de nos termos, sem angústias nem reservas. E de lábios cerrados tivemos a mais longa conversa sobre o nosso amor.
Lá à frente o azul do mar e a suja areia, ao nosso lado, o calor das nossas mãos que se apertavam num estranho código de náufragos, entrelaçando os dedos e juntando as faces, resistindo ao desespero das ondas que teimavam afastar-nos um do outro (como o mundo à nossa volta).
Ninguém foi testemunha desse instante gravado apenas no silêncio clandestino das nossas memórias fugitivas.
Só nós (porque o mundo à nossa volta éramos nós) temos o direito de falar desse instante de amor, porque o vivemos num desespero rápido de quem sabe que o amor é um relâmpago rasgando a densa cortina do desejo e, quando um dia falarmos deste amor que pairou sobre as mãos entrelaçadas, ninguém entenderá este silêncio que se sobrepôs ao grito do teu peito, ninguém entenderá este poema que narra o desespero de não te ter aqui, neste instante em que te amo, mais e mais, clandestinamente, e em silêncio.
Dizem que há silêncios ensurdecedores...
ResponderEliminarMinha amiga,
ResponderEliminarSe isto não é poesia... venha a prosa poética... sempre.
Texto lindo e de uma delicadeza que se sente em cada palavra.
"...Outro dia as minhas mãos sobre as tuas mãosou o meu cabelo sobreo teu cabelo falaram durante horas e linguagem muda do desejo de nos termos sem angústias nem reservas.E de lábios cerrados tivemos a mais longa conversa sobre o nosso amor..."
Um grande abraço
e ainda há quem diga que os homens não teem sensibilidade. Maravilhoso texto.
ResponderEliminarKissss da Ana
Belíssimo texto poético... aqui as emoções namoram-se em desejos e ânsias de vontades sentidas... de partilha dada e arrebarada... o turbilhão da alma joga quase todos os trunfos dos sentimentos!!!
ResponderEliminarGostei muito de ler isto Menina Marota!
Beijinho.
Há uma rectificação em AZULEJOS COM
ResponderEliminarsobre a Quinta da Bela Vista.
O Sol abandonou o céu
ResponderEliminarA Lua ironiza no celeste
Soltas perversas vontades
Cruzam a tua vida agreste
Convido-te a partilhar a minha visão da forma em
como a vida às vezes é perversa para algumas mulheres…
Doce beijo
Eu diria que esta é a poesia perfeita...arrepiei-me ao ler. Está sublime. Beijos, escolheste divinalmente.
ResponderEliminarDelicado, sensivel e comovente. è raro comentar, mas hoje tive que o fazer, talvez porque a parte final me tocou imenso.
ResponderEliminarO meu abraço sincero
Pedro
Excelente imagem. Palavras como pétalas em torno da boca.
ResponderEliminarUm beijo.
"A poesia está no olhar e no coração de consegue alcançar o que escreves", escreveste-me num comentário no meu extinto blogue.
ResponderEliminarGuardei essas palavras no meu coração e aqui nos meus apontamentos.
Hoje sou eu a dizer-te que a poesia está no teu coração ao transmitir-nos com as tuas escolhas, em belo texto poético.
Parabéns ao seu autor e a ti por nos proporcionar ler este maravilha.
A musica como sempre acompanha lindamente
Muitos beijos
Margarida
Amar assim é loucura de esperança com a ansiedade sempre abraçada ao peito.
ResponderEliminarMuito bem escrito, tem forma e sinestesia... isso é literatura!
ResponderEliminarMenina Marota
ResponderEliminarEm dia de aniversário, HOJE tenho uma surpresa para os amigos.
Espero por ti.
Um abraço
O meu amigo Plauto tem a poesia no sangue, escreve com a alma mas o cora�o acompanha-o. Isto � prosa p�etica da mais bonita que leio, da mais sens�vel que se escreve. Obrigada, amiga. Que assim escrevas enquanto eu c� estiveres e eu tamb�m, Plauto amigo!
ResponderEliminarBeijinhosssssss
*
ResponderEliminarpoesia portuguesa
,
linguagem clandestina,
na memória do silencio,
,
conchinhas
,
*
Acabo de "pular" aqui e devo dizer que este texto é belíssimo!
ResponderEliminarBoa escolha.
Abraço
Sublime! é a palavra que me ocorre!
ResponderEliminarO talento e a arte não precisam de muitas palavras!
Um abraço Fernando!
Albino Santos
ler este texto poético deixou-me sem palavras
ResponderEliminardeixou-ma a pensar que nada sei ...
sublime o memento!
que posso eu dizer perante tanta beleza?
emoção é a palavra que encontrei
obrigada Poesia Portuguesa por nos dares a conhecer o que é tão belo
um abraço ao autor
para ti a ternura do meu abraço, misturado no carinho e amizade que tenho por ti
beijinhos
lena
Far� tudo, porque est� simplesmente divinal!!!Obrigada pela partilha.Parab�ns a Plauto!Vou procurar o livro que deve ser lindo.
ResponderEliminarLindo e não posso deixar de pedir o especial favor de me enviar este texto para o divulgar no meu blog
ResponderEliminarhttp://leitoremportugues.blogs.sapo.pt/