Pintura de Sebastia Boada
na solidão das palavras
na fome dos vocábulos
na sede que nos mata…
eu fico envolvida pelas sílabas
e entoo a música
em toadas sem ritmo
à espera de inventar
palavras fechadas nas vogais...
mata-me esta renúncia de letras
cartas geográficas confusas
onde jazem mapas
imprecisos
dentro de armários baralhados
onde guardamos factos e fatos
no lado terno das nossas lembranças.
recuso-me esquecer as letras que
querem arrancar dessa ortografia nossa
que quero virgem.
recuso-me a comer letras
que não sejam as da sopa…
estou em greve de acordos ortográficos
recuso-me simplesmente.
(Poema de Piedade Araújo Sol )
Nem mais, Piedade!! Em forma de poema, precisamente o que eu penso, mas que não sei escrever! Gostei. Beijos a ambas.
ResponderEliminarBoa!!! é bom quem assuma que está em desacordo!! eu também estou!!!
ResponderEliminarBeijos às duas.
Joana S.
(...) odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escre ve em orthografia, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em quem se bata, a orthografia sem ipsilon (...)
ResponderEliminarSim, porque a orthografia também é gente.
A palavra é completa vista e ouvida.
E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio,
pelo qual é senhora e rainha
(Fernando Pessoa (Bernardo Soares), Livro do Desassosseg0
Heeheh...
Zélito
Belo poema e excelente escolha.
ResponderEliminarTambém não concordo com o Acordo,mas não dou grande importância à sua existência.
Uma língua viva é moldável no dia-a-dia,sem necessitar de acordos ou regulamentos.
Ainda hoje acentuações que,há anos,já caíram...
Utilizo termos que são correntes,mas tenho dúvidas sobre a sua "existência" oficial...
Lembro-me do esforço que a D.Amélia,minha professora de Instrução Primária,fazia para não escrever "pharmácia" ou "Christo" (de vez em quando,arrepelava os seus próprios cabelos brancos pelo "grave" descuido".
Lembro-me,também,do desaparecimento do Francês,por imposições imperiais sobre o uso da língua...
Sou pela liberdade de uma língua viva,mantendo fidelidade aos princípios.
Um abraço.
Há coisas que me custam muito a compreender. Esta, do acordo, simplesmente não lhe a encontro a lógica...pelo menos a lógica de tanta cedência.
ResponderEliminarAté breve.
Muito bem "esgalhado", também me recuso a este acordo que vem abastardar o nossoa lindissimo idiona.
ResponderEliminarBjs
TD
Linda Amiga:
ResponderEliminarNo silêncio das palavras escreve doçura. Encanto.
A fluidez das palavras em poesia magnífica expressam bem o seu majestoso sentir e ser.
Na solidão busca-se a inspiração doce e terna, as suas.
Adorei!
O seu lindo versejar encanta. Quanta ternura linda.
Beijinhos amigos de estima, respeito e muita consideração.
Brilhante poetisa, admiro-a, sabe?
Com imenso deslumbre
pena
Linda Piedade Sol não somos desconhecidos.
"Amo" a sua poesia fantástica.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEra uma boa oportunidade de referendar tal coisa! Digo eu... a bem dizer somos nós, o povo, que dela fazemos uso.
ResponderEliminarDeixo um carinho à Piedade, que de há tempos a "conheço" e por quem tenho um apreço especial.
Para a Menina um sorriso.
Até outro instante
(o comentário de cima era meu. Tive que eliminar, continha um erro ortográfico. Se outros forem é sem o meu conhecimento) :P
olá
ResponderEliminaré sempre com prazer que leio as escolhas que a PP nos dá a partilhar.
agradeço o destaque.
a escolha da pintura também é condizente com o poema.
sei querer parecer ridicula a moça da foto parece mesmo eu.
obrigada!
Já não tenho idade para reaprender a escrever português.
ResponderEliminararroz de pato ou de pacto?
ResponderEliminarquestão de facto ou de fato?
apanhados no ato? ou deato? acto de retrato retractado?
ja agora eliminem os "h" no inicio das palavras... a logica e a mesma
Acho que a nossa rica língua portuguesa é um ser vivo em constante mutação e quem não aceita isso fica no passado.
ResponderEliminarConcordo com você! Não vejo por que acontecerem mudanças em nossa língua... Já é assim a tanto tempo!
ResponderEliminarBeijos de luz e o meu carinho...
De acordo com a Piedade neste belo poema.
ResponderEliminarUm beijo para as duas.
Pedindo antecipadas desculpas pela “invasão” e alguma usurpação de espaço, gostaríamos de deixar o convite para uma visita a este Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...
ResponderEliminarO que diria António Nobre sobre o actual Acordo Ortográfico, quando, no seu tempo, escrevia assim:
ResponderEliminarAdeus! Na auzencia mezes são annos,
Dias são mezes, que ahi são ais:
Ah tu tens sonhos, eu tenho enganos, Eu sou sozinho, tu tens teus Paes.
Em "Adeus - Por uma tempestade na costa de Ingleterra" na 7ª edição do "Só" de 1944.
zélito
Gostei de saber que não fui a únia a achar o tal "acordo" uma brasilinização questionável e discutível. Por que isso assim, tão de repente? Por que esses pruridos? A desculpa de que seria para facilitar o trânsito de livros de autores lusófonos... ahhh... tá. Esta estou aguardando na varanda da casa do vizinho para conferir. Tomara, mas.... não sei não...
ResponderEliminarBom, de qualquer forma, que bom que se há de se escrever como se pretende e não como pretendem que se faça.
Gostei da tua poesia. ^_^