É uma metade de Lua
Desajeitada no céu.
Grito contínuo de esquecimento,
Nudez ao léu.
De novo estranhos.
Praia deserta, sem mais respostas
Nem límpidas mentiras
Em calorosos banhos.
O vento traz pétalas em forma de safiras.
Restos de festas evasivas
Convidam à recapitulação,
Ousada e pouco racional,
De escolhas emotivas dissuasivas.
O amor é uma rua abismal.
Fresca aragem sem aroma,
Adeus adiado e promíscuo
Cuja sede de eternidade
Constitui o maior sintoma.
Que ausência de fecundidade...
Que expressão pálida:
A estrada do Guincho
Coberta de cirros,
De vegetação árida.
O horizonte carece de navios.
Os olhos carecem de lágrimas,
Porque Setembro é um sentimento:
É uma metade de Lua
Desajeitada no céu.
Grito contínuo de esquecimento
– Nudez ao léu.
(Poema "Setembro" de D. B. Radou)
"C'est en Septembre" que começa uma das muitas cantigas de Gilbert Bécaud que fazem parte do meu "best of"...
ResponderEliminarEscolheu um poema lindo a propósito de um mês em que há términos, mas também começos...
Um bom Outubro!
Lindo este "Setembro" que é um grito nu no sentimento desta meia-lua de esquecimento.
ResponderEliminarUm beijo
Ana
linda esta poesia de Setembro...
ResponderEliminarAdorei esta partilha!!!
ResponderEliminarJinhos
"O amor é uma rua abismal... (quando)
ResponderEliminarO horizonte carece de navios."
todavia vê o poeta em cartas de marinar a arte e navega, bonança
ou intempérie,
in palavra anunciada
porquanto,
cada poema
é
tal qual esta, viagem abençoada.
Saudações com estima, grata a ambos, poeta e poesia portuguesa, por aqui nos trazerem a cor de um Setembro que foi, num Outubro presente.
*__bonecadetrapos__*
Este Setembro-Outono está todo aqui, até na "fresca aragem sem aroma", que metáfora linda!
ResponderEliminar- A estrada do Guincho - minha também.
ResponderEliminarEncantador poema.
Bjo
JA
ººº
ResponderEliminarMês de Setembro, mês do meu aniversário... como tal gostei.