Óleo sobre tábua de Pieter Claesz
Turvam-se os caminhos. Mas do sangue
Apenas o que farejo no barroco empolgante de Coppola
Nos mistérios nocturnos da Transilvânia
Nas oníricas danças das Parcas
No mistério decadente dos vampiros
E no absoluto amor do conde de Drácula...
Fora esse
Apenas o sangue da fêmea com cio
Ou arrancado ao peito para alimento dos famintos
Ou o sangue selo secreto
Das cumplicidades da vida.
E o sangue abortado de uma flor vermelha
Ou o virginal rubor das manhãs sem nome
Que me entram pela janela...
Ou a ceifeira morta. Ou a papoila decepada...
Ou o vermelho da romã nos lábios febris do beijo
Primevo.
Fora esse
Apenas o sangue quente do vinho e do mel
Em que ondas me expludo e teimo
Longe de caminhos palmilhados...
Este o meu corpo: tomai e comei!...
de Heretico in Relógio de Pêndulo
Um excelente poema de um grande poeta que sabe misturar o quotidiano com a sensibilidade e a erudição. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBeijos MM.
Não conhecia o poeta nem o blog indicado.
ResponderEliminarReconhecido fico por este trabalho exemplar.
Um grande abraço
Honório
enorme privilégio. partilhar da tua amizade.
ResponderEliminarsinto-me honrado com a publicação do poeminha (que mal recordava). e envaidecido.
apenas o teu olhar amigo justifica a publicação.
grato.
beijos
se me permites um beijo de gratidão tambem para a Graça. pelas suas generosas palavras
Também não conhecia o poema, mas é muito bom!
ResponderEliminaruma boa escolha de um belissimo poema do Herectico.
ResponderEliminargosto da escrita deste autor seja prosa ou poesia, pois é sempre um prazer ler bons textos, ou um bom poema como este,
bom fim de semana!
beij
eu adorei o seu blog .
ResponderEliminarpena não ter como segui-lo, mas colocarei seu link no meu blog , para não perde-lo de vista .
abraço grande !
Oie gostei do blog .. se puder visite o meu blog .. Bruna
ResponderEliminarSou admiradora da escrita deste verdadeiro senhor das palavras...
ResponderEliminarE também muito admiro a missão deste valioso blogue. Muito grata.
Um abraço
A Manuel Bandeira
ResponderEliminarExistia, e ainda existe
Um certo beco na Lapa
Onde assistia, não assiste
Um poeta no fundo triste
No alto de um apartamento
Como no alto de uma escarpa.
Em dias de minha vida
Em que me levava o vento
Como uma nave ferida
No cimo da escarpa erguida
Eu via uma luz discreta
Acender serenamente.
Era a ilha da amizade
Era o espírito do poeta
A buscar pela cidade
Minha louca mocidade.
Como uma nave ferida
Perambulando patética.
E eu ia e ascensionava
A grande espiral erguida
Onde o poeta me aguardava
E onde tudo me guardava
Contra a angústia do vazio
Que embaixo me consumia.
Um simples apartamento
Num pobre beco sombrio
Na Lapa, junto ao convento…
Porém, no meu pensamento
Era o farol da poesia
Brilhando serenamente.
Também tens um farol que brilha na tua vida?
De Vinicius de Moraes
Com
Beij
Tretas
Gostei muito. Aqui está um poema cheio de profundidade e com a mestria de sempre...
ResponderEliminarHeresias assim, até Deus as sacrealiza!
Um poema "quente" como o sangue que evoca, "pré-herético" também...
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