Creio, poder dizer, que se atingiram os objectivos propostos e muita gente que era então desconhecida, ganhou alento para partilhar, fora da blogosfera, a sua poesia, o que muito me apraz registar.
Ao perfazer 3 anos de existência neste mês de Setembro e que foram essencialmente dedicados à poesia que fui descobrindo, AGRADEÇO a TODOS os que partilharam as emoções neste mundo de palavras que, muitas vezes, é um caminho difícil e longo de percorrer.
Tem sido muito solicitado ao Poesia Portuguesa para que divulgue, também, as palavras dos Poetas consagrados na nossa Poesia e será isso que, a partir deste terceiro aniversário, os leitores encontrarão.
Imagem de F.Koroleva
POESIA
De onde vem – a voz que
nos rasgou por dentro, que
trouxe consigo a chuva negra
do outono, que fugiu por
entre névoas e campos
devorados pela erva?
Esteve aqui – aqui dentro
de nós, como se sempre aqui
tivesse estado; e não a
ouvimos, como se não nos
falasse desde sempre,
aqui, dentro de nós.
E agora que a queremos ouvir,
como se a tivéssemos re-
conhecido outrora, onde está? A voz
que dança de noite, no Inverno,
sem luz nem eco, enquanto
segura pela mão o fio
obscuro do horizonte.
Diz: “ Não chores o que te espera,
nem desças já pela margem
do rio derradeiro. Respira,
numa breve inspiração, o cheiro
da resina, nos bosques, e
o sopro húmido dos versos.”
Como se a ouvíssemos.
Nuno Júdice in "Meditação sobre Ruínas" pág.87/88