terça-feira, março 25, 2008

...

Após inúmeros pedidos de pessoas que de alguma forma estabeleceram um vínculo com o meu blogue, que por minha própria iniciativa tinha decidido eliminar, já que é minha intenção manter-me afastada da blogosfera, decidi por respeito a todas essas pessoas e, ainda mais, aos autores dos trabalhos que aqui vinha promovendo, activar o blogue mantendo-o para memória futura.
Aqui fica pois, o meu respeito e amizade por todos vós e o agradecimento, pelos inolvidáveis momentos que partilhámos.

Agradeço ainda, a prestimosa ajuda da
Piedade Araújo Sol, do Jeremias e do AC (que não quer ser identificado) na activação deste blogue, sem a qual, isso nunca seria possível.

Obrigada a todos



Imagem Google

sexta-feira, março 21, 2008

Ando...

Imagem de Ana Lyn


Ando metido com a prosa
E já não apareço à poesia!
Queixa-se uma de mim sincopada
Mas logo a outra se regozija amada
- Digo a uma que nunca a esqueceria!
Mas a outra que tudo ouve em prosa
Faz-me crer que nem a conhecia
E escrever para a mais jeitosa...

Ando metido com a prosa
E já não apareço à poesia

Vivo em casa da mais matreira
E da relação já tenho filhos
Alguns contos e uma novela
E com a que é agora primeira
Já não piso embriagado os trilhos
Que pisava com a poesia antes dela.

Enciumada a oficial, com ronha
Lembra-me que foi amor primeiro
Que com ela a virgindade perdi
Mas o que perdi foi a vergonha
Com que me dou na prosa por inteiro

Como fazer então compreender a uma
Que não existo sem a outra?
Como dizer isto com uma certa ética
Se não for numa bela prosa-poética?

Tenho esperança que a minha escrita
Inclua sempre a ambas nesta via
Porque se ando metido com a prosa
Também hoje aqui o fiz em poesia.



(Poema de José Ildio Torres
in, o-ente-do-ser)

quarta-feira, março 19, 2008

No corpo que me abriste



No corpo que me abriste, com amor,
Com amor lancei minha semente.
E a seiva germinou e se fez flor
E o verbo tomou forma e se fez gente
.
E quando sobre nós, lançando a dor
Nos separa o fascismo prepotente,
Tu não estavas só, pois em amor
Crescia a nossa filha no teu ventre
.
Recordo a tua imagem sorridente
Passando junto aos muros da prisão
(Por trás a velha Sé, o Tejo em frente)
.
E eu, preso à doçura da visão,
Bebendo no teu riso transparente
O orgulho que te enchia o coração


(Soneto de
António Melenas, dedicado a sua Esposa Adelina )


Até Sempre, Melenas


Ouvir a declamação de outros poemas
Aqui

segunda-feira, março 17, 2008

hera

Pintura de Penny Parker


Nos contornos da casa
batem as falas falsas
como heras que se cravam
nas paredes
hasteando-se
rodeiam-na

a porta é a passagem
onde a hera não entra

no interior da casa
não se constroem divisões
amplo é o seu espaço
porque o calor
é uno
e resguardado
do cansaço persistente
do bafo frio das falas falsas
onde a hera não entra – o calor a asfixia

as janelas são o respiro de luz
onde não toca – a luz a cega

o interior da casa é um coração habitado


(Poema de Mïr in O Voo da Luz )

sexta-feira, março 14, 2008

Comunhão


Imagem de Turner Dyke

Deixa-me voltar para onde o ar
É mais puro, e a vida mais leve!
Deixa-me...
Ainda que por um momento efémero e breve,
Deixa-me voltar a sentir o vento
Abanar as copas dos pinheiros
E a ver giestas e papoilas
Florirem nas encostas!
Deixa-me voltar a respirar
O odor a capelinhas e rosmaninhos
Pelo S. João,
Saltitar uma vez mais, por veredas e caminhos,
Como se a infância não tivesse ainda fugido....
Deixa-me...
Deixa-me achar-me no meio das serras,
Eu, que há muito ando já perdido!...
Deixa-me vida triste, cruel,
Deixa-me, que quero reaprender
A cheirar as ervas e o mato,
As flores e a Primavera!
Deixa-me,
Que quero sentir, como outrora, o cheiro da terra,
E beber outra vez, de bruços,
A água fresca das nascentes,
Nos cumes dos montes.
Deixa-me,
Que quero de novo sentir em mim
O despertar de uma quimera,
E a liberdade dos amplos horizontes...!


( Poema de
Luis Beirão )

quarta-feira, março 12, 2008

Estas palavras vestidas de silêncio

O que fará um texto num blogue de poesia, perguntarão ao depararem com a minha escolha de hoje.
Talvez... pela sua sensibilidade e lirismo, direi eu.
Apreciem-no…



Autor desconhecido


Estas palavras vestidas de silêncio que damos um ao outro como pétalas de flores dispersas, dizem tanto daquilo que sabemos, que às vezes julgo escutar os gritos lancinantes que deixamos escapar das feridas por fechar e calamo-nos, com adesivos sobre os lábios, fechando as portas e as janelas para que o vento não empurre os gritos para fora das muralhas dos nossos corpos ávidos.

Depois, contemplamo-nos como se nos víssemos pela primeira vez, e afagamo-nos em mútuas carícias impregnadas de um medo inconfessado que nos percorre as veias do silêncio dissimuladas sobre os nossos corpos.

Ah! Por que não havemos de gritar o necessário desejo de estar vivos?

Quem nos proíbe, Amor, de nos tocarmos numa descoberta mútua e sempre nova de um espaço à nossa volta?

Quem?

Quem nos impede, Amor, aquele abraço, num ímpeto incontido de rasgar o espaço que separa as minhas mãos das tuas mãos?

Quem nos proíbe, Amor, que troquemos de segredos em cada beijo partilhado no silêncio das nossas bocas sequiosas?

Quem?

Quem impede, afinal, esta vontade de nos darmos um ao outro sem medo das ruas e avenidas que nos falam da cidade vigilante a observar-nos os passos e os gestos, a medir a intensidade das palavras que se propagam no eco do silêncio como um grito de angústia?

Outro dia, as minhas mãos sobre as tuas mãos ou o meu cabelo sobre o teu cabelo falaram durante horas a linguagem muda do desejo de nos termos, sem angústias nem reservas. E de lábios cerrados tivemos a mais longa conversa sobre o nosso amor.

Lá à frente o azul do mar e a suja areia, ao nosso lado, o calor das nossas mãos que se apertavam num estranho código de náufragos, entrelaçando os dedos e juntando as faces, resistindo ao desespero das ondas que teimavam afastar-nos um do outro (como o mundo à nossa volta).

Ninguém foi testemunha desse instante gravado apenas no silêncio clandestino das nossas memórias fugitivas.

Só nós (porque o mundo à nossa volta éramos nós) temos o direito de falar desse instante de amor, porque o vivemos num desespero rápido de quem sabe que o amor é um relâmpago rasgando a densa cortina do desejo e, quando um dia falarmos deste amor que pairou sobre as mãos entrelaçadas, ninguém entenderá este silêncio que se sobrepôs ao grito do teu peito, ninguém entenderá este poema que narra o desespero de não te ter aqui, neste instante em que te amo, mais e mais, clandestinamente, e em silêncio.


Plauto (in A Linguagem do Silêncio)

segunda-feira, março 10, 2008

Passos de Dança


Imagem de Mariana Ximenes

Em passos de dança
Entre vontades e segredos
Entre gratos e profundos beijos

Encontro-te….

Não sei se te desafio
Se te provoco….

Se me rendo incondicionalmente

A verdade?
nua e crua
como a face da lua…

É um perigo….
para já esquecido.


(Poema da
Marta in Minha Página)

sexta-feira, março 07, 2008

O Beijo da Chuva.

Imagem da Isabel Filipe





Nos umbrais do pensamento
Mora o desejo no limite da razão
Roubando os segredos do corpo
Lançando ao vento a emoção
Uma rosa breve guarda a belezaO amor é orvalho de feliz pranto
O horizonte é o começo do infinito
A chegada de uma onda é alegro canto

As pequenas coisas são traços
De singela tatuagem na areia
Que o mar aprisiona no azul
Pelos braços da maré-cheia

O curso errante do teu espírito
É gaivota fugida à tempestade
Perdida num manto de bruma
Sentindo do mar a saudade

Teus passos não deixam marcas
O teu mar tem a cor da ilusão
Um canto liberto foge amargura
Que te assaltou o coração

Esta terra prende-te os pés
Este abismo clama por um céu azul
As palavras devoradas pelo silêncio
Jazem em ilha perdida no sulOnde moram as tempestadesOnde os Deuses se divertem
Onde as hortênsias não medram
Onde os sonhos se subvertem
Sussurra a noite esta verdadeNas espigas de Lua da tua cabeça
O teu coração escolheu os meus olhos
Para encontrar o rumo da tua incerteza
Uma sombra foge à luz
Uma lágrima põe-te a vista turva
Será que o teu rosto é ribeiro de sal
Ou recebeste…O beijo da chuva…



(Poema de
O Profeta)

quarta-feira, março 05, 2008

porque se ligam as memórias


Desenho de Cláudia Santos Silva
(aguarela e tinta da china)


porque se ligam as memórias
a imagens como esteios de granito
em sucalcos no meu corpo encravadas,
as palavras como o seio de uma linha de água
onde o olhar é o murmúrio que descobre a alma,
apontamento cartográfico para o rumo
do que se julgara perdido?

(e que seres em mim escondidos
despertaram a roda das infantas
que nunca de linho branco se vestiram e de flores
a cabeça ornaram
apesar do desejo, da vontade e das mágoas?)

que palavras foram essas
que albarroaram o teu coração,
alinhando, serenas,
a desconstrução das ausências previsíveis
e dos desamores vividos?

e se, em cada amanhecer imerecido,
colhesse os seus votos como orvalho,
ser-me-ia permitido escutar ainda
as palavras que não se dizem?


(Poema de
Cláudia Santos Silva in Blue Molleskin)

segunda-feira, março 03, 2008

Ainda não me rendi.


Pintura de Ana Maria Sanz


Todas as dúvidas acordam pontuais,
Às meias horas nocturnas,
Deslizando em gotas perfeitas de suor,
Decorando a ponta dos dedos,
Ao som da música incessante dos sonhos.

Ainda não me rendi,
Não parei de lutar, nem de falar
De punhos cerrados e sorriso aberto,
Decifrando olhos semi cerrados,
Corações disfarçados de gente.

Mais um movimento certeiro
E mais um fio de sangue,
Traçando na cara as linhas das minhas certezas,
Marcando os passos incertos dos meus ideais,
Moldando a feições das palavras.

Ainda assim, não me rendi.

(Poema de
Daniel Costa-Lourenço in Mar.da.Palha)

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Identificação

Pintura de Zhaoming Wu


Sei quanto me queres porque te quero
e queremo-nos ambos com ardor.
Esperas-me também porque te espero
e nessa espera aumenta o nosso amor.

Eu vejo à minha frente os teus desejos
no brilho dos meus olhos reflectidos,
e sinto nos meus lábios os teus beijos
despertando-me todos os sentidos.

Eu leio nos teus versos os meus versos
e ao ler-te tenho esta visão suprema
de ver fundir-se os nossos universos
na imensa galáxia de um poema.

E sem te ter eu tenho-te ao meu lado
e tu, que estás distante, estás tão perto,
que acabo por dormir sempre acordado
no berço do teu colo em que desperto.

Que este amor, meu Amor, é mesmo assim
e o que parece ser contradição,
não é mais, afinal, que a afirmação
de que eu só sou quem sou porque és em mim.

(Poema de
Fernando Peixoto in Arca de Ternura)

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

O Silêncio da Noite


Pintura de Fulvio de Marinis


Começo a noite ao teu lado!
Entras nos meus sonhos
e espero por ti nas palavras
que se acendem
no fogo de uma noite inextinguível,
no desespero dos labirintos
onde sinto a solidão da sede,
nos minutos de noites intermináveis…

A porta ficou aberta,
nada te impede de transpor o limiar.
Há um desejo que te empurra
como se fosses um corpo inabitado
buscando a luz de um sim, que respira
a voragem da tua nudez completa.

Chegas! Rompeste a névoa,
Trespassaste a hegemonia da sombra,
com palavras nuas na solidão da noite,
com o fulgor de um começo puro,
com a fragrância dos teus olhos matinais.

É este o tempo que temos!
Dias que serão breves momentos
de um silêncio que tem voz…
Tempo de dar vida aos sentimentos
que pulsam em de cada um de nós!...

(Poema de
Albino Santos in Poemas de Amor)

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Virás

Pintura de Peter Nixon


Virás solene e belo
com o brilho da prata
e o verde dos limos
e a maciez das pétalas
e a ternura inconfessada
dos guerreiros.

Sorrirás pelos trilhos da alva
desviando as facas
domando as fúrias
do meu descaminho.

Perguntarás:
Mulher quem és agora?
Lavarei as mãos
nos meus ribeiros
para nelas beber a tua voz.

Não te responderei
antes do anoitecer
quando o meu corpo
se esquecer do cardo
e se fizer o lírio.

Aguardarás sereno
como uma prega
na espádua do tempo.

A hora chegará
de retalhar as cordas
e atravessar o espelho
e apagar o lume
na casa da montanha.

Só então te direi:
Sou a pedra de canto
do sítio que habitavas.
Meu nome um monossílabo
como tu como eu
como chão como céu.

(Poema de
Licínia Quitério in O Sítio do Poema)

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Nevoeiro

Imagem daqui


Há quanto tempo
não escorrem lágrimas
e riem as pedras
no longo caminho percorrido?

Há quanto tempo
não choram as calçadas
e gritam inanimadas
as flores do jardim aqui?

Já me esqueci.

Foi há tanto tempo
que me perdi por aí,
sem lágrimas, sem risos,
sem gritos e só
no frio nevoeiro de ti.

(Poema de
Paula Raposo)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Dias

Fotografia de Nelson d'Aires



dias de espera
nas tardes frias.
transportam o passaporte
dum tempo indiferente.

ignoram a sede
que humedece um corpo
e, caminham ébrios
nos corredores da memória.

dias soltos
em outras paisagens.
gritos de gente,
num segredo cúmplice

aromas de glicínias
na penumbra do silêncio sólido,
horas gigantes e mal contadas
nas palavras pululantes.

dias sem rosto,
roubados ao lixo fingido,
ao ardor dum tempo restrito
diferentes de um passado mudo.

dias longos, na viagem do corpo
num sorriso que ainda dura!

(Poema de Lena Maltez in
Cabana de Palavras)

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Teia...

Imagem daqui



Teci uma teia
Com gotas de orvalho
O sol reluzia imenso...

Indolente enleou-se
Pelos misteriosos fios
Ávida de fome e de sede
Quis sentir a felicidade
Num ímpeto de loucura.

Viajei sem parar.
Tudo era perfeito;
Envolvi-me inteira.

A transparência desbotou-se
Suavemente….
Caí… levantei…

No silêncio e sabedoria
Rompi os fios mal cerzidos
Colados pela fantasia .

Lavei o rosto com orvalho
Libertei as amarras;
Sonhos, ilusões... é passado.
Levanto voo…a alma desprende-se
Encaro a realidade.

Caminho, sorrindo, pisando firme
No ventre da terra fria.


É a minha vida!


(Poema da Singularidade)

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Cantai ainda

Pintura de Diva Teresinha Canassa



Cantai ainda, sob as árvores
à beira rio, entre noite e dia.

Que as chuvas vos acordem
num dilúvio
de gestos feitos de alegria.

A fresca madrugada
se abra à luz
sonora e alada.

E que seja brando o vento
dos dias caindo devagar
sobre o teu rosto

de olhar, por fim, a terra amada
à luz do sol resplandecente

na pura harmonia do poema.

(Poema de
Vieira Calado)

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Deixa-me ser o teu presente

Tendo recebido vários pedidos de publicação, de um poema dedicado ao dia de S. Valentim, mais conhecido por Dia dos Namorados, a minha escolha recaiu num poema que a Pi gentilmente me cedeu...
Fotografia de Carlos Silero


Deixa-me… deixa-me ser tua
cerrar os olhos e sentir o sabor
da partilha nos meus lábios
acorrentados aos teus

Deixa-me ler-te como se fosses
uma brochura que reconheço
sem tão-pouco virar
as páginas revividas de tão lidas

Deixa-me perdurar no que não dizes
pois eu sei
recordar o teu feitiço
mesmo que nem esboces um sorriso

Deixa-me esculpir a ferro e fogo
tudo o que em ti existe
ou em raios laser
cinzelar-te completo para mim

Deixa-me… deixa aconchegar-me
toda em ti, sentir-te tão perto
tão meu, tão conivente que no futuro
ninguém nos possa separar
Deixa-me… deixa-me ser o teu presente
(Poema da 
Piedade Araújo Sol)


...e que dedico a todos os Apaixonados

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Passo a passo...

Fotografia de Nuno Sousa



Passo a passo, cãibra doce e perpétua.
Ganho corpo de estrada, vincada de sulcos,
de esgares, de solturas de gritos, de rubros....
A roupa que trazes e que eu queria segurar perpétuamente.
O hálito como que a procurar a cama;
o teu hálito como que a provocar o drama,
solto.
Solto-te mas receio que me perca;
perco-me mas receio que te encontre.
Descubro esta cidade que não se escreve
nem se deixa escrever,
nem se julga poeta, dissidente das palavras;
ainda que por exaustão se encarregue de as desenhar letra a letra.
Seguro o teu nome encaixilhado;
seco o teu nome,amanso-o, aliso-o...
Nada me consola.
Nada me separa desse ter-te resumidamente nos dedos.

(Poema de
SombrArredia)

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Concerto para os peixes que habitam os meus sonhos

Imagem de autor desconhecido




O som dos grilos é estonteante
e o marulhar junta-se
nesta orquestra de cio
estranha atitude
destes insectos que migraram
dos campos prenhes de rubras papoilas
para virem escutar os peixes
é caótico este momento de êxtase
em que a lua nua de luz
se mostra em toda a sua nudez muda e excitante
porque toda a natureza desperta
da letargia que o verão
provoca
trazendo cheiros distantes
e persistentes
porque
as narinas fremem
de desejo fundeado
neste mar
onde campeiam espumas
e o que resta de nós
servirá de repasto
aos pássaros loucos



(Poema de Rogério Saviniano Telo
Traz Outro Amigo Também)