Uma ausência de quase dois anos.
Causas?
Tantas!
Desde emocionais a pessoais em todas as minhas almas.
Quem me conhece pessoalmente (e já é tanta gente!) sabe do que falo.
Mas voltei. E, creio, para ficar.
Não sou de promessas fáceis como alguns políticos.
Sou humana e, como tal, posso falhar.
Para já regresso com Fernando Pessoa e, quem sabe, todas as suas almas.
Agradeço, desde já, ao Blogue Do Tempo da Outra Senhora, do Hernâni Matos, cuja publicação me inspirou a voltar aqui.
Fernando Pessoa, Bernardo Soares, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Caricatura de Rui Pimentel.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa in, Novas Poesias Inéditas,
a págs. 680/681
Obras Completas, Vol. II